5. Excesso de informação, acesso e apropriação
Neste tópico uma longa citação para abrir o apetite á reflexão:
"...Quando vulgarmente falamos hoje do nosso tempo, há a tendência a referi-lo como um tempo de "grande democracia", onde a "informação está completamente disponível", onde o "acesso à informação" se resolverá com (apenas) melhores "condições económico-políticas". Um tempo que seria uma espécie de "condensado", pronto a desdobrar-se e a abrir-se em diferentes tempos e espaços, segundo o modo como o questionássemos.
Porém também vulgarmente ouvimos dizer que o "excesso de informação", o "excesso de imagens", o "excesso de sons" etc, não leva necessariamente a um aumento de informação individual e colectiva.
Deixando de lado a questão das modalidades de acesso, parece útil relacionar a "informação" (aqui entendida ainda em sentido muito lato e geral), com a problemática da "apropriação" (aqui igualmente ainda entendida de modo injustificado).
Sem apropriação, é difícil, senão impossível, converter a informação em algo informativo uma vez que os seres humanos funcionam ainda debaixo do "paradigma da consciência" ( mesmo quando esta é identificada como a minúscula superfície de um profundo iceberg). Se aceitarmos esta afirmação, resulta que o indivíduo acede ao que já foi feito, à informação, através da sua específica apropriação.
Assim sendo, pode tornar-se interessante tentar "imaginar", "pensar", "desenhar" uma espécie de "topologia" ou "cartografia" que pusesse em evidência, não só os modos actuais de acesso a, mas sobretudo, os modos actuais de apropriação que maior efeito têm tido na nossa cultura recente.
Se estamos num momento cultural e tecnológico que está a modificar radicalmente as nossas vidas, parece poder ser conveniente reflectir sobre a relação entre "informação" - "acesso" - "apropriação" no nosso tempo..."
in Enciclopédia e Hipertexto
Parece ter bastante sentido o que escreveu Derrick de Kerchove em a Pele da Cultura :
"Os media electrónicos são campos unificadores imediatos.
Analistas de marketing e técnicos de sondagens electrónicas orquestram as nossas emoções colectivas"