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3. A lógica da censura

silêncio

 

... A lógica da censura.-- Esta interdição supõe-se assumir três formas: afirmar que aquilo não é permitido, impedir que aquilo seja dito, negar que aquilo exista.
Formas aparentemente difíceis de conciliar.
Mas é aí que se imagina uma espécie de lógica em cadeia que seria característica dos mecanismos de censura -- ela liga o inexistente, o ilícito e o informulável de forma que cada um seja ao mesmo tempo princípio e efeito do outro;  do que é interdito não se deve falar até que seja anulado no real ; o que é inexistente não tem direito a qualquer manifestação, mesmo na ordem da palavra que enuncia a sua inexistência; e o que se deve calar acha-se banido do real como o que é interdito por excelência ...
                          Michel Foucault

 Michel Foucault

4. Liberdade, Censura, Controlo

Alberto Pimenta Sobre o binário liberdade /censura aqui ficam algumas reflexões do poeta e ensaísta Alberto Pimenta num fragmento duma entrevista concedida á Antena 1 em Abril de 1993.

 

 

Na perspectiva de Manuel Vásquez Montalbán, Grande Inquisidor, Grande Comunicador e Grande Consumidor formam uma nova Trindade que suporta a actual ordem internacional.
 
O escritor catalão identifica o  Grande Inquisidor com as estruturas do Poder (Estado, Organizações internacionais...), que se apropriam do sentido ético quer individual quer colectivo. O Grande Comunicador, que assume o papel de Big Brother, converte as directrizes do Poder em mensagens quase únicas (uniformes) e o Grande Consumidor que está satisfeito com a ordem estabelecida e se torna no cliente social desta proposta.
Uma teoria expressa em tom poético e epistolar na conferencia proferida, há alguns anos, em Lisboa na Fundação Gulbenkian. O Grande Comunicador CNN assume, neste caso, um papel relevante.

 

4.1 Estratégia de neutralização das diferenças

Também sobre a comunicação e o mito da transparência e da objectividade, recorda-se aqui algumas considerações do professor Adriano Duarte Rodrigues transmitidas no programa Noites de Luar da Antena1, em 4 de Abril de 1984.
Adriano Rodrigues, que na altura era o responsável pelo departamento de Comunicação Social da Universidade Nova de Lisboa, salientava que a objectividade apresentada, muitas vezes, como um ideal da escrita jornalística, no fundo, não é senão uma estratégia de neutralização das diferenças.
Uma estratégia , inserida num dispositivo comunicacional, que serve para disciplinar os cidadãos segundo um molde de interpretacão da vida, do mundo, da história, formatado pelas regras do poder.

Para clarificar a perspectiva de Adriano Duarte Rodrigues aconselha-se a leitura dum artigo publicado no nº 1 da revista Comunicação e Linguagens, dedicado às máquinas censurantes modernas.

 

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